O segundo caso em um mês de espancamento e morte de motoboy por PMs em São Paulo derrubou ontem os comandantes dos policiais acusados pelo crime. Foram afastados os chefes do 22.º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, tenente-coronel Gérson Lima de Miranda, e da 3.ª Companhia do 22.º BPM/M, capitão Alexander Gomes Bento.
Seus subordinados assassinaram na madrugada de sábado o motoboy Alexandre Menezes dos Santos, de 25 anos. O crime ocorreu na Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo. Santos dirigia uma moto sem placa e ignorou a ordem para parar. Foi preso e espancado até a morte.
A ordem para afastar os dois comandantes foi dada pelo secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto.
Quatro policiais estão presos pelo crime: os soldados Carlos Magno dos Santos Diniz, de 32 anos, Ricardo José Manso Monteiro, de 27, Márcio Barra da Rocha, de 34, e Alex Sandro Soares Machado, de 28. Eles foram autuados em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, na Água Fria, zona norte da cidade. Pelo Código Penal Militar, não há fiança no caso de homicídio culposo. A eventual omissão dos oficiais comandantes dos policiais será apurada por uma sindicância.
Os policiais alegam que o motoboy não obedeceu à ordem para parar e ainda entrou em luta corporal com eles. Por isso, foi contido com o uso de força física. Mas parentes do motoboy assassinado afirmam que o rapaz foi espancado e imobilizado pelo pescoço. Ele morreu asfixiado. A vítima foi abordada a 200 metros de sua casa, na Rua Guiomar Branco da Silva, e espancada na frente de sua mãe, Maria Aparecida Menezes.
Repetição. Há um mês, outro motoboy - Eduardo Pinheiros dos Santos - foi torturado e morto por PMs na Casa Verde, zona norte. Se esse primeiro caso já havia sido considerado "grave" pelo governo, a repetição da violência, com a morte de outro motoboy, foi interpretada como uma falta de comando dos chefes sobre a tropa.
De agora em diante, comandantes que não impedem casos de violência de seus homens terão o mesmo destino do tenente-coronel Miranda e do capitão Bento: serão afastados.
O comando da PM tentou apagar rapidamente o incêndio e mostrar que a crise não é da corporação, mas um problema restrito a alguns de seus homens. "O comando apoia totalmente a decisão do secretário, pois está de acordo com pensamento da Polícia Militar de São Paulo, que não compactua com essas atos", afirmou ao Estado o coronel Álvaro Batista Camilo.
Fonte: Estadão
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