A trajetória do trabalhador Carlos Antônio dos Santos, 37 anos, que saiu da cidade de Belém/PB, a 83 km de João Pessoa, buscando uma vida melhor na Grande Natal, terminou de maneira trágica na manhã de ontem. Ele, que ganhava a vida negociando carros usados, foi executado com dois tiros de espingarda calibre 12 ao lado da mulher, Ana Maria da Silva Fernandes, 34, e na frente da casa onde morava, na rua Central, em Novo Santo Antônio, São Gonçalo do Amarante.
Segundo Ana Maria, o homicídio aconteceu por volta das 5h30, logo depois que o corretor de veículos tirou o carro, um Santana branco (placa KGE-9722), da garagem de casa para ir deixá-la no trabalho - local não divulgado. Um homem armado de pistola, de calibre ainda não identificado, e espingarda 12 se aproximou e atirou várias vezes contra ele. Carlos Antônio ainda foi socorrido e levado para o Hospital Santa Catarina, na zona Norte de Natal, mas não resistiu.
Ana Maria já estava dentro do Santana no momento dos disparos – foram quatro de calibre 12 e dois de pistola - mas foi atingida apenas por estilhaços de vidro no braço esquerdo. Apesar de ter presenciado tudo, a mulher não soube dar as características do bandido. “Quando os tiros começaram, tentei me proteger e, depois, vi o homem correndo, de costas, e entrando em um carro branco, que estava parado na esquina, com outra pessoa dentro”, contou a mulher em depoimento à Polícia.
A Polícia, por sinal, não prestou o trabalho que deveria, na opinião da viúva. “Assim que ele foi baleado eu liguei muito para a Polícia Militar, mas ninguém veio. Disseram que estavam em outra ocorrência. Tentei argumentar que isso era mais importante, mas eles só chegaram muito tempo depois”. A companhia de Polícia Militar de São Gonçalo do Amarante negou esse atraso, mas informou que, quando chegou ao local, o casal já havia sido levado para o hospital. Mesmo assim, diligências foram realizadas na área, mas os homicidas não foram encontrados.
A Delegacia de Polícia de São Gonçalo do Amarante, que vai investigar o caso, ainda não sabe o que pode ter motivado a execução, mas já existe a suspeita de ter sido acerto de contas. “Pela forma como aconteceu, pode ter sido consequência de alguma negociação errada que ele fez ou alguma dívida, mas as investigações ainda estão muito no início. Apenas a mulher dele depôs até agora”, afirmou um agente da Polícia Civil da Delegacia de Plantão da Zona Norte, onde o caso foi registrado antes de ser enviado para a DP de São Gonçalo do Amarante.
A vítima estava morando em Novo Santo Antônio há aproximadamente um mês e não tinha nenhum contato com os vizinhos. “Raramente o via aqui na rua. Na verdade, não sabia nem que se chamava Carlos Antônio. Só conheci a família quando a mulher veio bater aqui em casa pedindo ajuda, dizendo que o marido estava baleado”, afirmou a vizinha do casal, que pediu para não ter o nome citado.
Vítima veio da Paraíba no final da década de 1980
Carlos Antônio saiu de Belém/PB e veio para Natal no final da década de 1980. Na capital potiguar, conheceu Ana Maria, com quem se casou e teve dois filhos, um agora com 11 anos e outro de oito anos. Muito abalada, Ana Maria não contou mais detalhes da relação dos dois, disse apenas que o companheiro nunca havia sofrido qualquer atentado, tampouco, uma ameaça de morte. “Pelo menos, ele nunca me disse nada. Também não parecia estar passando por alguma pressão”, disse.
Segundo o irmão de Carlos Antônio, José Ailton dos Santos, que também mora na Grande Natal, a família havia se mudado em busca de mais oportunidades de trabalho. “Meu irmão era muito trabalhador, vivia nesse negócio de venda e troca de veículos já há muitos anos. Tinha o sonho de dar uma vida melhor para a companheira e os filhos e, para isso, trabalhava muito e era bastante conhecido aqui na Grande Natal”, contou Aílton.
A última negociação que Carlos Antônio fez, envolveu justamente o Santana em que ele morreu. “Ele tinha trocado o carro na terça-feira, num terreno que tinha”, contou um amigo da família.
Fonte: Tribuna do Norte
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