domingo, 13 de junho de 2010

POLICIAIS CIVIS E MILITARES DO DISTRITO FEDERAL AMEAÇAM PARALISAÇÃO CASO GOVERNO NÃO CONCEDA AUMENTO SALARIAL

Agentes podem cruzar os braços por tempo indeterminado a partir do próximo dia 18. Já os policiais militares cogitam operação-padrão para forçar reajuste de 33%. O ministro do Planejamento voltou a descartar aumento para as categorias


A próxima semana deve ser difícil para o brasiliense. Além da falta de ônibus, a segurança pública do Distrito Federal pode ficar comprometida no próximo dia 18. Os policiais civis estabeleceram a data como limite para que o governo federal volte atrás na decisão de vetar reajustes ao funcionalismo este ano, frustrando, assim, o plano dos agentes, que reivindicam aumento de 33% nos salários. Se não houver acordo, o efetivo de 7 mil pessoas promete cruzar os braços por prazo indeterminado. Os policiais militares, que exigem o mesmo benefício, também estudam uma forma de mostrar sua insatisfação. Como a Constituição Federal proíbe que os membros da corporação entrem em greve, a ideia é fazer uma “operação tartaruga”.

O coordenador do Fórum das Associações dos Policiais Militares e Corpo de Bombeiros do DF, coronel Mauro Manoel Brambilla, disse que os militares estão alinhados com o movimento encabeçado pela Polícia Civil — cuja paralisação de 48 horas termina hoje — e a insatisfação dentro dos quartéis é grande. “Nossa intenção não é fazer nenhum movimento que prejudique a sociedade, mas o governo tem que ser sensível com a gente. Já discutimos em algumas ocasiões adotar esse tipo de operação, mas gostaríamos muito de evitar que isso ocorresse”, disse Brambilla.

Ontem, os policiais civis voltaram a protestar em frente ao Ministério do Planejamento. Diferentemente de quinta, dessa vez os motoristas não foram tão prejudicados. Eles interromperam o fluxo apenas uma vez, por poucos minutos. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol/DF), Wellington Luiz de Souza, tentou mais uma vez falar com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, mas não obteve sucesso. O ministro é alvo da revolta dos policiais por ter anunciado que nenhuma categoria de servidores receberá aumento em 2010. Para Wellington Souza, a decisão interfere na autonomia do DF. “Essa estratégia vai custar caro. Se ele não respeitar os servidores da segurança pública, vamos radicalizar e deflagrar uma greve sem previsão de término”, ameaçou.

Outro lado

O ministro criticou a paralisação dos agentes. “Polícia é um serviço essencial. Quem usa arma deveria ser proibido pela Constituição de fazer greve. Não temos condições neste ano de dar aumento pelas condições financeiras. Simplesmente não dá”, afirmou Paulo Bernardo ao Correio. Ele comentou, ainda, que um reajuste para a Polícia Civil provocaria mal-estar com a Polícia Federal. “Não tem cabimento achar que vamos pagar para eles mais do que pagamos para a PF. Aí é chamar a PF para a briga. Eles têm isonomia, mas não podem passar na frente”, explicou o ministro.

A notícia de uma provável greve da Polícia Civil e uma operação-padrão da PM deixou a população preocupada. O motorista de ônibus Wagner dos Reis, 62 anos, teme que a cidade fique refém dos bandidos, mas concorda com as reivindicações das categorias. “Acho justo o governo pagar bem para a polícia, pois ela não se corrompe, igual acontece no Rio de Janeiro. Lógico que, como cidadão, fico torcendo para que isso (greve) não ocorra, pois a bandidagem vai deitar e rolar”, preocupa-se Wagner.

Já o estudante Rodrigo Bicalho, 24, não concorda com a greve. “Isso que eles estão fazendo é um absurdo com o povo”, protestou o jovem. Nas delegacias, o movimento foi fraco ontem. Somente ocorrências graves foram registradas. A área de segurança do DF é custeada pela União.

FONTE: Correio Braziliense

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