Ricardo Araújo - repórter
Algumas das mais tradicionais escolas do Rio Grande do Norte estão fechando suas portas no período noturno. Elevados índices de evasão escolar, insegurança e tráfico de drogas no entorno das instituições de ensino são apontados como causas para o encerramento das atividades do período noturno. Alguns exemplos: Calazans Pinheiro e Padre Miguelinho, no Alecrim; Ulisses de Góis e Winston Churchill, no Centro, e Atheneu, em Petrópolis. Funcionários afirmam que o número de alunos matriculados à noite nestas escolas é aquém do necessário para garantir o funcionamento do turno.
Algumas das mais tradicionais escolas do Rio Grande do Norte estão fechando suas portas no período noturno. Elevados índices de evasão escolar, insegurança e tráfico de drogas no entorno das instituições de ensino são apontados como causas para o encerramento das atividades do período noturno. Alguns exemplos: Calazans Pinheiro e Padre Miguelinho, no Alecrim; Ulisses de Góis e Winston Churchill, no Centro, e Atheneu, em Petrópolis. Funcionários afirmam que o número de alunos matriculados à noite nestas escolas é aquém do necessário para garantir o funcionamento do turno.
Aldair DantasO s elevados índices de evasão escolar, aliados à insegurança e ao tráfico de drogas, estão forçando algumas escolas públicas a cancelar o turno noturno
A maioria dos alunos que buscam vagas nas escolas das redes municipal e estadual de educação no horário da noite, trabalham ao longo do dia. São vendedores, comerciantes, donas de casa, que buscam, apesar do cansaço proporcionado pelo trabalho, o direito à educação. Garantido pela Constituição, o acesso ao ensino de qualidade é responsabilidade da Federação, estados e municípios sob a regência dos órgãos de regulação e fiscalização.
Entretanto, em Natal, algumas escolas deixaram de atender a estes estudantes devido ao fechamento do turno noturno em escolas consideradas âncoras, que atendem uma demanda proveniente de diversos bairros, como as localizadas no Centro. A professora da Escola Estadual Winston Churchill, Maria de Lourdes, disse que as escolas não fazem uma mobilização para manter a oferta de vagas e funcionamento do período. “Nós recebemos uma proposta: angariar alunos para manter o turno aberto”. Ela afirma que a obrigação do professor é lecionar e não ir atrás de estudantes. “A obrigação é do Estado, através de campanhas de renovação de matrículas e oferta de vagas à noite”.
Para o professor Lourival Ribeiro, o Estado é negligente. “As escolas estão sucateadas. Os gestores não investem na melhoria da estrutura dos prédios e do material didático de apoio, para ter a desculpa de não funcionar mais à noite”. Ele analisa que os alunos, no início do ano, chegam empolgados e com vontade de estudar. Porém, quando percebem que não existe nenhum investimento do governo para a melhora do ensino, acabam desistindo, o que aumenta o índice de evasão escolar.
Um outro ponto que contribui para a problemática do encerramento das atividades nas escolas no período noturno, é a falta de segurança em muitas delas. Para salva-guardar professores, alunos e população no entorno das instituições de ensino, o Governo introduziu a Ronda Escolar. Formada por policiais militares, tem o objetivo de manter a segurança e prevenir ações de vandalismo e violência em geral no interior das escolas e regiões circunvizinhas.
O tenente Willame Barbosa, comandante do Ronda Escolar, analisa que desde a implantação do programa, os índices de vandalismo nas proximidades das escolas reduziu. “No início do ano tivemos muitos problemas com brigas programadas por componentes de torcidas organizadas. Hoje, porém, com a ação da polícia em parceria com as escolas, esses confrontos são pontuais e os alunos se sentem mais seguros”.
Estudante da Escola Estadual Professor Severino Bezerra de Melo, Ozanira Tiago, comenta as dificuldades que enfrenta diariamente para estudar. “Moro num bairro pobre, inseguro e tento vir para a aula todos os dias. Sei que existem alunos no período noturno que não querem nada com a vida. Mas eu quero, estou aqui para ser alguém através do estudo”.
Ronda Escolar combate violência
A violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade inegável. Para combatê-la, foi criado um órgão para atender somente aos chamados das escolas, o Ronda Escolar, que compõe, junto com o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), a Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas (Cipred). Em Natal, são três carros para o trabalho de prevenção e combate à violência e ao tráfico de drogas nas instituições e áreas próximas. As principais ocorrências atendidas pelo Ronda em 2010 foram relacionadas a brigas entre grupos estudantis rivais.
A rivalidade entre os grupos de escolas públicas e particulares, está ligada, na maioria dos casos, às torcidas organizadas. Porém, de acordo com informações do comandante do Ronda Escolar em Natal, tenente Willame Barbosa, o tráfico de drogas e furtos nas proximidades das escolas, contribuem para os casos de insegurança e violência entre os estudantes e pessoas alheias ao ambiente escolar. O início de 2010 foi marcado pelos confrontos agendados entre os membros das torcidas pelas redes sociais, como o orkut, por exemplo. Os confrontos ocorreram em frente a escolas tradicionais, como o Anísio Teixeira, na Praça Pedro Velho. À época, alguns comerciantes fecharam as portas dos estabelecimentos com medo de tiros ou furtos.
“A partir do momento que monitoramos as escolas mais críticas no Centro, o número de ocorrências caiu significativamente”, analisa o tenente. Além de conter as confusões entre alunos e componentes de torcidas diversas, os policiais que atuam no Ronda têm o direito de entrar nas escolas a qualquer momento, para verificar se tudo está bem. “Nosso objetivo não é intimidar os alunos e sim garantir a segurança de todos”. Porém, a presença da polícia nas escolas divide opiniões.
Para o estudante Diogo Henrique, a presença dos policiais intimida os alunos. “Eles nos olham de uma forma estranha. Eu me sinto constrangido”. Já a aluna Ozanira Tiago apoia e espera que o programa continue por muito tempo. “Já fiquei com medo de vir a escola por causa das brigas que existiam aqui antes da Ronda”. Diogo e Ozanira são alunos do programa Projovem Urbano na Escola Estadual Professor Severino Bezerra de Melo, em Mãe Luiza.
Herta Viviane, qualificadora do programa, analisa que a violência nas escolas é um reflexo do cotidiano do aluno. “A violência vem das ruas, vem de fora para dentro das escolas”.
Professor é ameaçado de morte
“Você não tem medo de uma bala?”. Foi desta forma que o professor Lourival Ribeiro, do Projovem Urbano que funciona na Escola Estadual Ulisses de Góis, foi questionado por um dos seus alunos. O motivo da ameaça foi o atraso no pagamento de R$ 100 feito a cada aluno matriculado no programa que alcança média superior a 75% do que é aplicado pelos professores. “Eu fui apenas explicar os motivos pelos quais o pagamento atrasou e o que ele deveria fazer para receber o dinheiro”, afirma o professor. Lourival disse que o aluno o ameaçou na frente dos demais colegas e afirmou ser dele a culpa pelo atraso no depósito da quantia.
Coordenadora
Assustados, professores e alunos chamaram os policiais da Ronda Escolar para que nada pior acontecesse. “A Ronda sempre nos ajuda quando precisamos. Numa situação como aquela, só eles poderiam fazer alguma coisa”, disse a professora Maria Gurgel, coordenadora do Projovem na escola. Os policiais reuniram o aluno, o professor e a coordenadora para uma conversa sobre o caso e tudo foi esclarecido. “O aluno assumiu que estava nervoso e passou dos limites. Hoje está tudo bem”, relata Lourival.
Questionado sobre a gravidade da ameaça e sua permanência na escola, o professor é enfático. “Não tenho medo. Estou aqui para recuperá-los. Estes alunos estiveram por muito tempo à margem da sociedade. Nem mesmo os pais deles os incentivaram ao estudo”. Segundo os professores, a maioria dos alunos do Projovem provém de bairros periféricos com um histórico de envolvimento com drogas e crimes diversos.
Entretanto, em Natal, algumas escolas deixaram de atender a estes estudantes devido ao fechamento do turno noturno em escolas consideradas âncoras, que atendem uma demanda proveniente de diversos bairros, como as localizadas no Centro. A professora da Escola Estadual Winston Churchill, Maria de Lourdes, disse que as escolas não fazem uma mobilização para manter a oferta de vagas e funcionamento do período. “Nós recebemos uma proposta: angariar alunos para manter o turno aberto”. Ela afirma que a obrigação do professor é lecionar e não ir atrás de estudantes. “A obrigação é do Estado, através de campanhas de renovação de matrículas e oferta de vagas à noite”.
Para o professor Lourival Ribeiro, o Estado é negligente. “As escolas estão sucateadas. Os gestores não investem na melhoria da estrutura dos prédios e do material didático de apoio, para ter a desculpa de não funcionar mais à noite”. Ele analisa que os alunos, no início do ano, chegam empolgados e com vontade de estudar. Porém, quando percebem que não existe nenhum investimento do governo para a melhora do ensino, acabam desistindo, o que aumenta o índice de evasão escolar.
Um outro ponto que contribui para a problemática do encerramento das atividades nas escolas no período noturno, é a falta de segurança em muitas delas. Para salva-guardar professores, alunos e população no entorno das instituições de ensino, o Governo introduziu a Ronda Escolar. Formada por policiais militares, tem o objetivo de manter a segurança e prevenir ações de vandalismo e violência em geral no interior das escolas e regiões circunvizinhas.
O tenente Willame Barbosa, comandante do Ronda Escolar, analisa que desde a implantação do programa, os índices de vandalismo nas proximidades das escolas reduziu. “No início do ano tivemos muitos problemas com brigas programadas por componentes de torcidas organizadas. Hoje, porém, com a ação da polícia em parceria com as escolas, esses confrontos são pontuais e os alunos se sentem mais seguros”.
Estudante da Escola Estadual Professor Severino Bezerra de Melo, Ozanira Tiago, comenta as dificuldades que enfrenta diariamente para estudar. “Moro num bairro pobre, inseguro e tento vir para a aula todos os dias. Sei que existem alunos no período noturno que não querem nada com a vida. Mas eu quero, estou aqui para ser alguém através do estudo”.
Ronda Escolar combate violência
A violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade inegável. Para combatê-la, foi criado um órgão para atender somente aos chamados das escolas, o Ronda Escolar, que compõe, junto com o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), a Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas (Cipred). Em Natal, são três carros para o trabalho de prevenção e combate à violência e ao tráfico de drogas nas instituições e áreas próximas. As principais ocorrências atendidas pelo Ronda em 2010 foram relacionadas a brigas entre grupos estudantis rivais.
A rivalidade entre os grupos de escolas públicas e particulares, está ligada, na maioria dos casos, às torcidas organizadas. Porém, de acordo com informações do comandante do Ronda Escolar em Natal, tenente Willame Barbosa, o tráfico de drogas e furtos nas proximidades das escolas, contribuem para os casos de insegurança e violência entre os estudantes e pessoas alheias ao ambiente escolar. O início de 2010 foi marcado pelos confrontos agendados entre os membros das torcidas pelas redes sociais, como o orkut, por exemplo. Os confrontos ocorreram em frente a escolas tradicionais, como o Anísio Teixeira, na Praça Pedro Velho. À época, alguns comerciantes fecharam as portas dos estabelecimentos com medo de tiros ou furtos.
“A partir do momento que monitoramos as escolas mais críticas no Centro, o número de ocorrências caiu significativamente”, analisa o tenente. Além de conter as confusões entre alunos e componentes de torcidas diversas, os policiais que atuam no Ronda têm o direito de entrar nas escolas a qualquer momento, para verificar se tudo está bem. “Nosso objetivo não é intimidar os alunos e sim garantir a segurança de todos”. Porém, a presença da polícia nas escolas divide opiniões.
Para o estudante Diogo Henrique, a presença dos policiais intimida os alunos. “Eles nos olham de uma forma estranha. Eu me sinto constrangido”. Já a aluna Ozanira Tiago apoia e espera que o programa continue por muito tempo. “Já fiquei com medo de vir a escola por causa das brigas que existiam aqui antes da Ronda”. Diogo e Ozanira são alunos do programa Projovem Urbano na Escola Estadual Professor Severino Bezerra de Melo, em Mãe Luiza.
Herta Viviane, qualificadora do programa, analisa que a violência nas escolas é um reflexo do cotidiano do aluno. “A violência vem das ruas, vem de fora para dentro das escolas”.
Professor é ameaçado de morte
“Você não tem medo de uma bala?”. Foi desta forma que o professor Lourival Ribeiro, do Projovem Urbano que funciona na Escola Estadual Ulisses de Góis, foi questionado por um dos seus alunos. O motivo da ameaça foi o atraso no pagamento de R$ 100 feito a cada aluno matriculado no programa que alcança média superior a 75% do que é aplicado pelos professores. “Eu fui apenas explicar os motivos pelos quais o pagamento atrasou e o que ele deveria fazer para receber o dinheiro”, afirma o professor. Lourival disse que o aluno o ameaçou na frente dos demais colegas e afirmou ser dele a culpa pelo atraso no depósito da quantia.
Coordenadora
Assustados, professores e alunos chamaram os policiais da Ronda Escolar para que nada pior acontecesse. “A Ronda sempre nos ajuda quando precisamos. Numa situação como aquela, só eles poderiam fazer alguma coisa”, disse a professora Maria Gurgel, coordenadora do Projovem na escola. Os policiais reuniram o aluno, o professor e a coordenadora para uma conversa sobre o caso e tudo foi esclarecido. “O aluno assumiu que estava nervoso e passou dos limites. Hoje está tudo bem”, relata Lourival.
Questionado sobre a gravidade da ameaça e sua permanência na escola, o professor é enfático. “Não tenho medo. Estou aqui para recuperá-los. Estes alunos estiveram por muito tempo à margem da sociedade. Nem mesmo os pais deles os incentivaram ao estudo”. Segundo os professores, a maioria dos alunos do Projovem provém de bairros periféricos com um histórico de envolvimento com drogas e crimes diversos.
Fonte: Tribuna do Norte
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